Em dezembro de 2020, após meses de pandemia, nossa inquietação mostrava que nada mais seria como antes. Nem as pessoas, nem os espaços, nem os trabalhos, nem os encontros.
Entendemos ser nosso papel, como gestores de um espaço cultural, promover a circulação das ideias e questionamentos de artistas nesse novo tempo.

Fizemos um chamamento de trabalhos – Nada Será Como Antes – emprestando o título de uma canção, do período da ditadura, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, que remete um pouco ao que sentimos no momento. 

A arte tem muitas linguagens, e podem ser materializadas de diversas formas. Recebemos trabalhos já prontos e ideias em andamento, projetos físicos e virtuais, de Campinas e de fora. 

Por mais diversos e únicos, não encerram a questão. Pelo contrário, abrem -se para novas perguntas.
Instalações, gravuras, zine, fotografias, vídeos, bordados, costuras, colagens, são algumas das práticas que aparecerão por aqui. 
Artistas de diferentes gerações dividem o mesmo espaço, têm angústias comuns com o tempo que passa diverso, e esses são os pontos que nos interessam. 

Nada Será Como Antes ficou aberta da tarde de 22/05 até o dia 24/07.

 

Aline silva e charlene galea

“Backlog: How long is now?” É uma pesquisa que investiga o cotidiano e o ritmo urbano em diferentes atmosferas ambientais, o comportamento e as emoções humanas e a cultura digital durante o período em que vivemos. 
Qualquer situação global: Política, econômica, de saúde e ambiental, pode desencadear o desenvolvimento, interrupções, rupturas e mudanças na vida de qualquer pessoa, resultando em impactos que modificam padrões de comportamento de um dia para o outro. 
Para entender o dia-a-dia, é preciso estar imerso e engajado nele.
A obra discute também situações em que nós, muitas vezes, somos alienados e não conseguimos estar completamente presentes, devido à maneira como o homem moderno vive sua vida, distraídos pela tecnologia, pelo ritmo de vida acelerado e pelo individualismo.
A definição de “Backlog” é “trabalho em atraso”. Como um processo, os acúmulos e os atrasos estão presentes na vida humana. O acúmulo de informações, os atrasos de trabalho e de tarefas, estão em todo lugar: desde dentro de casa até ao ar livre.

“BACKLOG: How long is now?”
Impressão em papel fotográfico 15 módulos
21×29,7cm
65 x 170 cm
2020

Ana andré

A impermanência ganhou mais espaço nesta nossa existência tão efêmera.

Meu jeito de caminhar, ser, estar, ampliar a percepção sobre a vida ao meu redor; os detalhes, luzes, brilhos, me capturam tanto pelas texturas, como pelas formas.
Desde sempre coletei conchas, pedras, insetos, folhas, galhos, sementes.
Estes objetos lançam no espaço poético, compõem frases, poemas, palavras que interagem com as folhas, sementes e inquietações; todos estes são vestígios de algo que está inerte em oposição às sementes, que desejam se lançar ao vento e gerar novas vidas. As formas se relacionam, e compõem com seus desenhos uma partitura visual na qual nada é nem será como antes.

“Existência Efêmera”
Intervenção sobre folhas, penas, pedras e sementes
210 x 70 cm (vitrine)
84 x 84 cm (painel suspenso)
2021

André Bortoletto

“Tudo em volta parece placenta” reflete bastante o sentimento da quarentena e isolamento social, principalmente nos primeiros meses. Os saquinhos estão separados formando um todo, cada um em seu lugar definido, todos parados, suspensos em um não-lugar e um não-tempo.
O trabalho minucioso, delicado e sensível se fez muito em razão dos sentimentos angustiantes e maçantes que nunca nos deixaram. A costura, em si, já é uma técnica que se refere a um trabalho mais recluso e caseiro, e que tem muito do seu valor no tempo dedicado a ela. Até mesmo o processo inicial se deu de forma bastante poética, pois alguns dos elementos e ideias já existiam antes da pandemia e foram tomando novos significados num momento de revisita e ressignificação que fizeram parte do percurso de isolamento de muitos.
“Ficar em casa” se tornou bem mais do que um espaço: representou, simbolicamente, o voltar ao ambiente dicotômico da casa/útero. Se por um lado é confortável e íntimo, por outro ele aprisiona e isola.
Nos encontramos numa segurança sufocante, presos em auto-reflexão, em uma casa de espelhos, ruminando, de molho, em nós, uma gestação tardia e ansiosa.

“Tudo em volta parece placenta”
Instalação – costura em sachês de chá
40 x 40 cm
2020

Carlos Carvalho

Há algum tempo eu venho experimentando com a estamparia botânica. Tenho pesquisado as possibilidades de impressão com a vegetação ao redor da casa da minha mãe, para onde voltei durante a quarentena. A casa é perto de uma pista, com trânsito pesado de caminhões.
À margem da pista, foi plantada uma barreira de eucaliptos para amenizar o barulho. A folha de eucalipto tem bastante tanino e produz uma estampa forte e bem definida. Várias vezes vou até essas árvores para colher folhas e, em uma das minhas excursões, me deparei com um cobrinha, que me fez lembrar de Carmem Miranda. Cobras sempre me lembram dela.
Em uma entrevista nos Estados Unidos, perguntaram a Carmem Miranda o que ela fazia quando encontrava cobras nas ruas brasileiras. Ela respondeu: “as que eu conheço eu cumprimento”.
Carmem Miranda foi responsável por promover uma imagem de brasilidade que ressoa até hoje no imaginário internacional.
Pensando nesse episódio, pensando que as práticas manuais têxteis constituem um campo atribuído historicamente às mulheres no ocidente, reforçando uma performatividade de gênero que marginaliza identidades dissidentes, e pensando no meu desejo de constante revisão da definição das coisas e de suas hierarquias, decidi desenhar cobras sobre minhas estampas botânicas.

“As que eu conheço eu cumprimento”
Técnica Mista: monotipia de folhas de eucalipto, goiabeira, feijão, flores de flamboyant e folhas de flamboyant mirim e intervenção de caneta sobre retalhos de tecido de algodão.
326×353 cm
2020


Carolina Guimarães

A reciclagem do desvio é uma pesquisa teórico-prático e educacional que estuda a reciclagem artesanal de papel. Carolina estuda a teoria sobre reciclagem, realiza a prática artesanal e conecta seus aprendizados com o público por meio de oficinas educacionais.
Ao contrário do sistema mecânico industrial, a reciclagem do desvio é artesanal, realizada passo a passo pela artista. E cada papel tem um cuidado individual para adquirir resultados únicos. A base do processo é a experimentação, a artista testa a mistura de elementos, de tipos de papel e jeitos de fazer. E junto com as modificações processuais, existe o acaso que também interfere no resultado e torna o fazer indefinido. Mesmo com o domínio, a artista não tem controle preciso de como o papel irá ficar. Depois de seco, o aspecto final é sempre uma surpresa.
Os elementos coletados são misturados à massa de papel, deixando a obra sensorial. A textura é criada pela artista com os dedos, ou marcada pelo relevo de um elemento, por exemplo folhas e o cravo-da-índia. As cores são derivadas do próprio material reciclado, como a caixa de ovo que é pigmentada de verde, ou são misturados ao papel pigmentos xadrez e naturais. E o cheiro são dos materiais perfumados, como o café e erva doce. O processo é de imersão sensorial. Nele Carolina, se envolve com os sentidos para fazer o papel.

“8 mãos”
Artistas: Carolina Guimarães, Lia Maurer, Vanessa Godoy e Joyce Nascimento.
Papel, papelão, pigmento xadrez, café e urucum
106 x 106 cm (moldura fixa)
2019

Conjunto de papéis com experimentações de materiais diversos dimensões variadas
2020

 

Deolinda Della Nina 

“A percepção, o entorno, o click e a surpresa!  Os objetos e seus micro segredos”.
Pandemia! E o que nos restou? 
Parar, desacelerar o tempo em nossas moradas. 
Usar sim uma lente de aumento! Registrar as minudências em nosso entorno.
Perscrutar formas, cores, linhas, sons, luzes e movimentos de um mundo sensorial a parte e presente ao mesmo tempo.
Sair da opacidade rotineira da casa para um “estar novo”, ou para um certo momento ou lugar transitoriamente inesperado. No ali mesmo e no agora!
Um respiro para algo novo em um lugar aparentemente já conhecido. Uma brincadeira sensorial em tempos de restrição espacial.

“Os objetos e seus micros segredos”
Vídeo arte com câmera de vídeo de celular
2020

Giovanna Romaro 

O curta-metragem “Como contar o tempo” é relato documental e poético sobre a percepção da passagem do tempo no primeiro ano de pandemia no Brasil.  Como contar o tempo (Dir. Giovanna Romaro, Brasil, 2021, 17 min, 14 anos) é um poema-documentário que explora diferentes linguagens artísticas, através da estética de colagem audiovisual, para refletir sobre os efeitos da pandemia de COVID-19 na percepção da passagem do tempo, misturando as vivências do trabalho remoto junto ao cotidiano doméstico. Adicionalmente, o curta-metragem traz de maneira subjetiva impressões sobre a condução de medidas de enfrentamento à pandemia pelo governo federal brasileiro — ou a falta destas medidas.
O curta-metragem foi realizado em uma colaboração coletiva entre a produtora Giovanna Romaro, a atriz Vanessa Petroncari, o músico Vitor Zago e a designer Melina Menconi. A partir do poema “Que dia é hoje?” de Giovanna, os demais artistas trabalharam na criação poética em suas próprias linguagens para compor o curta-metragem em uma estética de colagem, partindo do pressuposto de uma poesia expandida para o som, a imagem e a performance. 

“Como contar o tempo”
Giovanna Romaro e  equipe: Vanessa Petroncari, Vitor Zago, Melina Menconi
Curta-metragem
2021

 

Guilherme Pilarsky

A obra Paisagem que Luzia apreende as implicações da violência ambiental em uma geografia híbrida correspondendo às queimadas recentes no Pantanal e Amazônia, na parte superior há nuvens negras fazendo alusão ao fenômeno que ocorreu em algumas regiões do Brasil em 2019, onde o céu de algumas cidades ficou escuro em pleno dia, parte da causa desse fenômeno foi o alto nível de queimadas na Amazônia, o ocorrido virou notícia e alarmou o público sobre o desastre ambiental. Essas paisagens surgem em meio a uma fuligem preta que adere a uma superfície translúcida, o desenho é feito pelas partes onde a fuligem não aderiu. O rastro do fogo que produz a fuligem está marcado por toda a obra. O título da obra traz o verbo luzir com o sentido de retratar uma paisagem que irradiava e perdeu sua luz, mas Luzia é também o nome dado ao fóssil humano mais antigo da América do Sul, sendo uma descoberta arqueológica importantíssima para estudos sobre as origens do homem americano – O fóssil foi queimado e quase destruído no incêndio do Museu Nacional. O museu anunciou que conseguiu recuperar até 80% dos fragmentos e poderá reconstruir o esqueleto.

PAISAGEM QUE LUZIA
Fuligem sobre placas de poliestireno, molduras de acrílico.
9 módulos
15x30cm
50×100 cm
2021

Hellen Audrey e Verusca Fialho

A empatia tomou mais espaço nas relações, e lembramos que além da interdependência humana, somos, também, parte da natureza e de que as leis de ação e reação continuam agindo permanentemente. A dor do outre passou a ser também a nossa dor. A alegria do outre é também a nossa alegria. 
Muitas perdas aconteceram e continuam acontecendo. Como, então, transformar as tristezas, medos, angústias vividas nesses tempos, em aprendizados? Como contar uma nova história a partir das cicatrizes? 
Desejamos ressignificar esse momento sombrio com esperança e beleza, abrindo caminhos para modelarmos novas realidades, enredarmos outras relações, sem perder de vista a ideia de que somos um todo único e de que cada ação individual reverbera no coletivo. 

Borbulhas
Instalação composta de cerâmicas e linhas artesanais
80x120x50cm
2020

 

ivy ota calejon 

Especialista em artes-manuais para educação e pesquisadora da técnica de tingimento natural com índigo japonês, do bordado sashiko e boro, é idealizadora do coletivo artístico Colar de Lina, desenvolvendo vivências com a integração de linguagens para adultos e crianças, assim como ações que buscam fortalecer artistas manuais, a economia local e a troca de saberes; é também idealizadora do Tecituras de Lina, onde pesquisa e investiga o fio, a escrita, o corpo performático e materialidades poéticas.

Sashiko Gesto Ancestral 
Oficina 
2021

João bosco

Nada será como antes porque continua e permanece de alguma forma em resquício, memória e geringonça que se apresentam formando fronteira. Objetos em desuso figurando o que persiste – a folha desenrola como rio tatuado de manchas do que borrou; do que ainda em espera de forma; rio rompido como a normalidade marcada e impressa. Aqui uma impressão manual e singular com o mimeógrafo, o caminho eleito por tantos para materializar a expressão. Ficou obsoleto, em desuso, mas aí está em testemunho, coágulo de matéria a convocar o corpo, a mão, a força, o olhar e girar a manivela, a efetivar um antes e depois de passar pelo rolo. Eis que o obsoleto renova o gesto em exercício de um experimentar fronteiras e despertar memórias que sempre estiveram aí. A curadoria desse trabalho é de Cecilia Stelini.

Aqui desmaterializando a impressão
Instalação com módulos de madeira, escrivaninha e mimeógrafo
180x200x150 cm 
2021

julia pupim

O luto na pandemia é muito solitário. Caixão fechado, velórios rápidos (quando existem), familiares sozinhos. A dor presa em si mesma e todos os pensamentos do que poderia ter sido e não foi. Eu espero que esse trabalho toque quem chegar até ele. Que quem receba possa refletir e valorizar suas pessoas queridas, lidar com seus sentimentos de perda. Se expressar através da arte. Ninguém nunca havia me falado sobre luto, sobre todos os sentimentos e processos que o luto envolve, que não é apenas tristeza. E que não passa.
Em maio completam 6 meses que minha mãe morreu e eu continuo aqui, minha vida continua. Mas o sentimento não passou, eu ainda lido com um turbilhão de coisas. E ninguém nunca me falou nada sobre isso, sobre como seria esse momento em que você perde alguém tão intimamente ligado a você.
Todas as fotos foram tiradas em 2020. Registrei momentos da minha mãe antes dela adoecer, antes de sabermos tudo que viria pela frente. Hoje fico feliz de ter podido passar a quarentena ao lado dela. E foi depois da sua morte e de visitar todas as lembranças que me veio a ideia dessa homenagem. A zine fala sobre meu luto, mas é uma história para ela.

Morro e não posso velar meu corpo
Zine:Impressão de fotos sobre papel sulfite reciclado A3
2020-2021

 

Lucia Rosa 

Em meu trabalho discuto os modos de vivência nas grandes metrópoles, os ditos “espaços de conviver”, os ”centros de civilização”, o existir simultâneo, o existir só… São gaiolas poéticas que servem como abrigo e refúgio tornando o homem refém dos seus temores e da solidão.
Dualidade entre o corpo aprisionado e o corpo que observa.
Sobre o dorso do silêncio o amor calou…
O tempo calou…
A lua no céu escuro perdeu-se na solidão do desejo…
O sonho é apenas uma janela aberta para dentro de si…à espera…
“Há uma solidão que envolve o homem mesmo quando rodeado por uma multidão que lhe comprime… “
“O homem na multidão se sente só”
(Edgar Allan Poe)

Clausura
Instalação Técnica mista
170 x 250 x 50  cm
2020

 

Marília Scarabello

Série de fotografias de um sabonete de enxofre comprado em farmácia em momentos distintos de uso. O trabalho se iniciou em meados de março de 2020, coincidindo com o início da quarentena no estado de São Paulo. Todos os dias, pela manhã, após lavar o rosto com o sabonete, fotografei sua atual condição no fundo da pia. O que registrei ao longo do tempo foi a sua degradação. O processo se concluiu no início de 2021, com seu completo desaparecimento.

Sem título [Brasil]
Impressão sobre papel algodão
22 x 100 cm
2020-2021

matheus hoffstatter

O Espaço, a liberdade , a transição. o Medo. A anulação do fim.
Desvendando o desconhecido que habita dentro de nós. Para emergir , flutuar e ressignificar conceitos nesta nova descoberta.  Estamos sozinhos. Ontem , hoje e sempre. Ser único.

LAIKA  – série Astronauts
142 x 104 cm
Collage / mixed media Collage
2020

VACCINE COVID 19
Collage / Mixed media
118×87 cm
2021

ÁTOMO – série Astronauts
Collage / mixed media
142 x 104 cm
2020

 

melina scialom

Dança Compartilhada é um projeto idealizado pela dançarina, dramaturga e pesquisadora Melina Scialom para aproximar corpos dançantes que estão distanciados pelo isolamento social da pandemia de Covid-19. 
Foram selecionadas 6 mulheres que compartilharam experiências durante uma oficina de 3 semanas em dança compartilhada. Esse vídeo é o resultado dessa oficina.

Dança compartilhada
Vídeo-dança
2021

 

 

Nickolin Cecrezi

A máscara acompanha a viagem das pessoas neste mundo desde milhares de anos no âmbito das artes e do espetáculo.
A história nos traz exemplos de como uma máscara de uso médico – a máscara do médico da peste, se transformou em uma máscara representativa de um evento artístico-cultural como o Carnaval de Veneza.
Numa outra perspectiva, a máscara, uma máscara que deixa o rosto exposto, mas existe em forma de conjunto de atitudes e objetos que adornam o ser humano no seu cotidiano, é aquela que muitas pessoas vestem para se propor diante das outras.
Neste trabalho, a tradição e a técnica antiga de produção de máscaras se encontra com elementos do cotidiano para se propor ao público por meio de uma linguagem contemporânea.

Rafael Ghiraldelli

As pinturas permitem não somente um olhar para o abismo no qual nos encontramos, mas também a representação de corpos que atestam em si um tanto da diversidade tão execrada pelos projetos conservadores de poder em construção mundo afora. Essa diferença abjeta aos olhos da dita normalidade é simbolizada aqui, em Mise en abyme, por intermédio de imagens que retratam possíveis vítimas da necropolítica – isto é, de uma forma de soberania de exceção que se infiltra em diferentes instâncias político-administrativas para determinar quem deve morrer em uma dada sociedade para que uma dada classe, ideia, saber ou prática se imponha como detentora da verdade absoluta.

regina Garbellini

“O poder requer corpos tristes. O poder necessita de tristeza porque consegue dominá-la. A alegria, portanto, é resistência porque ela não se rende. Alegria como potência de vida nos leva a lugares onde a tristeza nunca nos levaria.”
Gilles Deleuze
Pousaremos o olhar com uma breve passagem pelos caminhos abertos por Freud e posteriormente desenvolvidos, ampliados e analisados do ponto de vista político por Reich e Foucault. Faremos algumas reflexões sobre a importância de nossa sensibilização e do contato com nossas emoções como fontes principais de nossa percepção do mundo, da manutenção de nossa saúde, da potência de nossos corpos e da consciência de uma ecologia social que nos coloque de forma mais humana no mundo.
Com poemas de: Alice Ruiz, Cairo Trindade, Lau Siqueira, Líria Porto, Neusa Doretto, Valéria Tarelho e outros, este manifesto se apresenta:
O acesso é pelo corpo.
E pela arte.

Corpo, Arte e Política
Manifesto Poético 
2021

oficinas

“Alguns gestos estão profundamente enraizados na cultura oriental, por milênios estão a ocupar os recantos cotidianos da casa, das vestes de trabalho, dos corpos.”
(Ota, um corpo ausente)

Do contexto histórico à compreensão da técnica moyozashi, a oficina propõe a percepção do gesto de alinhavar, encontrar o próprio ritmo, e a partir dessa relação praticar o bordado.
Sashiko pode ser compreendido como a ação de perfurar o tecido através de pequenos golpes ou facadas, e a ação de bordar nos convida à atenção e escuta. pode-se praticá-lo como um exercício de propriocepção e calma, em contexto terapêutico e/ou meditativo, ou ainda por puro encantamento pela técnica.
Tão complexo quanto singelo, historicamente seus gestos simples atuavam na manutenção da vida, compondo com uma métrica cheia de significado simbólico. nos dias de hoje está relacionado ao reuso de peças e roupas, assim como criação de estampas.

Papel reciclado artesanal 

A oficina contempla a pesquisa toda da artista sobre o papel artesanal. Desde a contextualização com o desenvolvimento sustentável e a apresentação de modelos de empresas brasileiras que trabalham com a reciclagem do papel. Mostrando que é possível formas de produção em ciclo, sem gerar ou gerando o mínimo possível de resíduos. Até a experimentação processual de fazer papel reciclado. Essa experimentação tem referência no processo do artista brasileiro Antonio Dias. Durante a oficina, a artista apresenta a referência e ensina as etapas desenvolvidas por ela, para obter os diferentes resultados. Depois cada um poderá criar e experimentar o processo fazendo seu próprio papel reciclado artesanal.

Ficha Técnica

Nada Será Como Antes
Curadoria: Teresa Mas e Mario Braga
Expografia e montagem: Pavão Arquitetura e Expografia Ltda.
Desenho Gráfico e Programação Visual: Eleusina Freitas e Laura Andare 
Assistente de Produção: Laura Andare
Fotos e vídeos: Laura Andare e Mario Braga.